Demandas e desafios das rádios comunitárias são debatidos na Alece
Juliana Lemos
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(Foto: Kim Lopes)
A Assembleia Legislativa do Estado do
Ceará (Alece), por meio da Comissão do Trabalho, Administração e Serviço
Público, realizou nesta quinta-feira (21/08), audiência pública para
debater sobre os diversos desafios enfrentados pelas rádios comunitárias
no estado e as demandas desse seguimento.
O
debate, que ocorreu no Complexo de Comissões Técnicas, foi proposto
pelo deputado Pedro Lobo (PT), que destacou a importância dessas
emissoras, especialmente, para o interior do estado e no meio rural. “As
rádios exercem um papel importante na sociedade e a rádio comunitária
exerce, de forma mais social porque discute a situação da comunidade,
empodera a liderança comunitária, divulga os costumes e cultura locais,
informa e cria uma identidade muito forte de pertencimento comunitário”,
ressaltou.
Pedro Lobo
acrescentou ainda que as rádios comunitárias colaboram para a
democratização da comunicação, frente aos monopólios da informação
exercidos pelos grandes conglomerados do setor. “Mais um papel que
cumpre o meio de comunicação popular. Compre esse papel importantemente
como forma de democratizar a informação”, frisou.
O
parlamentar explicou que a desproporção de recursos financeiros também
se reflete em outras dificuldades que essas emissoras enfrentam. Ele
destacou as burocracias extensas como forma de gerar uma concorrência
desproporcional, aumentando as dificuldades financeiras para que as
emissoras comunitárias se mantenham.
Ele citou a tramitação do projeto de lei nº 289/23,
do deputado Renato Roseno (Psol), que estabelece diretrizes para a
política estadual de apoio à radiofusão comunitária e define percentual
mínimo de contratação de rádios comunitárias na veiculação de
comunicação institucional no Estado. Dessa forma, Pedro Lobo acredita
que fica mais viável o fomento a essas iniciativas.
“Esse
projeto de lei já está em andamento na Comissão de Constituição e
Justiça. Vou protocolar meu projeto para que a gente possa fazer uma
juntada desses dois projetos, para dialogar com o Governo e conseguir um
entendimento. Acho que é o ponto de partida inicial para que a gente
possa avançar na construção de políticas de fortalecimento da rádio
comunitária aqui no estado do Ceará. Eu vejo isso como uma grande meta
hoje e encaminhamento fundamental dessa audiência”, declarou.
Para
o presidente da Associação Cearense da Rádios e TVs Comunitárias
(Acertcom), Régis Oliveira, a rádio comunitária promove a cidadania. Ele
citou uma campanha de combate à violência contra a mulher, que alguma
rádios estão fazendo, dando exemplo de cidadania, e sugeriu que as
publicidades dos governos sejam veiculadas também nessas emissoras.
As
rádios comunitárias são uma verdadeira escola de cidadania. Os governos
ainda não abriram os olhos para isso. As redes sociais não são o fim da
rádio, são um complemento”, declarou.
O
representante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
(FNDC), Souza Júnior, apresentou sugestões para superar algumas dessas
dificuldades. Entre as quais, fortalecer as associações oficiais das
rádios comunitárias e, assim como já fazem as rádios comerciais,
negociarem pacotes de mídia igualitariamente para todas as rádios
comunitárias do Ceará junto ao Governo do Estado, órgãos estatais,
Assembleia Legislativa, etc.
Além
de fortalecer as associações em âmbito nacional para, com outros
estados, demonstrar ao Governo Federal a força e o alcance que as mais
de cinco mil rádios comunitárias do Brasil podem chegar. Ele sugeriu
ainda que seja oferecido auxílio com relação à burocracia exigida para o
repasse de verbas públicas para às emissoras comunitárias.
A
participação de mais deputados nesse debate foi cobrada pelo
representante da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço
Brasil), Geremias dos Santos,
Ele
também solicitou que haja maior empenho em levar as demandas das
emissoras comunitária às instâncias federais e citou um ponto que
considera crítico com relação ao decreto federal nº 2.615/1998,
que regulamenta o Serviço de Radiodifusão Comunitária. Ele informou
que, de acordo com o artigo sexto dessa norma, a cobertura de uma
emissora de rádio comunitária é limitada a um raio de até mil metros a
partir da antena transmissora. Geremias dos Santos considera absurdo a
regra e sugeriu que os parlamentares reforcem junto à administração
federal a importância de mudar a lei e retirar o artigo sexto do decreto
federal nº 2.615/1998.
Geremias
dos Santos defendeu o incentivo às rádios comunitárias para as
comunidades indígenas e para comunidades quilombolas. E reivindicou que
os recursos com divulgação publicitária do Governo do Estado também
sejam direcionados às emissoras comunitárias cearenses. “Nós
contribuímos com a comunidade local. Muita gente não sabe a força que
nós temos”, concluiu.
Segundo
representante da Agência Nacional de Telecomunicações Gilberto Studart,
mesmo em tempos de redes sociais, muitas pessoas ouvem rádios e as
emissoras comunitárias, muitas vezes, já estão adaptadas aos novos
tempos e funcionam de forma híbrida, tanto no rádio quanto na internet.
Ele
explicou que considera as demandas justas e lógicas e ressaltou que irá
endereçar as demandas ouvidas na audiência às instâncias superiores que
ele tem acesso.
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